NÃO ADIANTA MAIS...ACABOU!
Depois de algum tempo sumido, perdido ou morto, eis que como uma Fênix, você ressurge das cinzas. Reaparece se esgueirando pelas bordas, percebe os cadeados, tenta dar um jeito de entrar, sem saber que meu mundo está fechado pra você ou pra qualquer um que tente se divertir no meu parque onde a diversão são regras ditadas por mim. Tudo começa com um contato breve com alguns amigos, o danado do Whatsapp ou por uma mensagem no Face. Um esbarrão totalmente ocasional no meio da rua ou aquele encontro inesperado na balada em que você me vê, eu vejo você e finjo não ter te visto, mas mesmo assim você vem de encontro a mim procurar por uma brecha.
Você tenta o tempo todo renascer. Acha que vai florescer de novo por aqui feito erva daninha e ataca as minhas paredes, esperando o momento exato de tomar tudo. Ouço seu nome e não entendo por que ele volta a fazer parte do cotidiano, cuspo o vinho e deixo cair o sorriso no chão. Não tem quem limpe as manchas na minha roupa. Não tem quem limpe suas manchas de mim.
Você faz contato como quem não quer nada. Jeito de Mineirinho, daquele que come quieto. Mas eu já esperava. Eu conheço o seu jeito e ele me dá preguiça por ser repleto de inseguranças. Repete o discurso cauteloso como se já me conhecesse bem antes de dar as primeiras investidas. É primavera, você alega, será que não poderíamos sair para bater aquele papo legal que costumávamos? Pressinto o perigo. Os filmes de super heróis me ensinaram a ter sexto sentido. Vejo os seus movimentos. E declaro no mesmo momento que não vou voltar pra aquele tabuleiro imundo, coberto de poeira, onde eu era peão num jogo que eu nunca soube jogar. Você me ensinou bem quando me deixou. Me ensinou a ser um pouco mais como você.
Você pergunta o que houve, por que eu estou estranho. Merecemos um recomeço, diz com um sorriso sádico que não me convence, não convence o garçom, não convence nem o seu reflexo no talher de prata. Mas, novamente, estamos aqui. Por que eu vim? Não sei, talvez eu quisesse ver até onde você consegue levar isso. Você canta vitória, mal sabe o que eu preparei pra linha de chegada. Dessa vez, você não cruza os meus portões. De jeito nenhum. Achar que me tem nas mãos é burrice, meu caro, e eu tenho repulsa de gente burra. Não combina comigo, sou aquariano.
Você começa a falar, eu te indago. Por que agora? Ouço um tornado e um papo cheio de vendavais começa pra dentro de mim. Brinca com memórias e altera algumas fotografias que eu tinha bem guardadas dentro de mim. Acha que o tempo vai te ajudar a misturar as coisas, a mudar minhas lembranças, sinto que você tenta alguma lavagem emocional. Reluto e indago novamente. Por que agora? Você não responde e pede a conta. É fraco, não sabe jogar ou simplesmente não consegue admitir que me tornei um jogador melhor que você.
Depois de um tempo, eles sempre voltam. Se arrastam como fantasmas que estiveram ali amedontrando a gente uma vida inteira. Voltam e fazem questão de tentar entrar à força numa história que não conta mais sobre eles. Voltam e tentam nos convencer que o passeio valeu a pena, conquistamos uma versão 3.0 novinha deles. Voltam e fazem de tudo para retomar um lugar que já foi trocado, talvez por alguém mais novo, mais divertido, mais inspirador, que seja. Não importa quem seja o tal alguém. Importa a troca. Importa a despedida. Importa que ele foi embora e agora volta porque alguma coisa não deu certo na aposta dele. Enquanto isso, nesse tempo todo, nós ficamos aqui. Congelando. Sentindo frio. Tentando sobreviver. E, quando nós finalmente conseguimos, eles voltam.
Sinto lhe dizer amigo, eu esperei você até onde consegui. Não pude ir mais além, iria contra os meus princípios, iria contra minha essência. Segue tua vida em paz e deixa-me quieto viver a minha, errando constantemente em querer me apaixonar e ter alguém do meu lado que não me entende, que não sabe pensar como eu. Algumas coisas têm prazos de validade muito bem definidos quando decidimos estragá-las. Poderia ter dado certo, na verdade queria que tivesse dado certo, mas se não deu, era porque tinha que ser assim.